quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Património Artistico em empresas do Grupo CUF

O assunto que aqui será abordado, é inédito neste blogue, como se sabe, as empresas para alem dos seus patrimónios em capitais, maquinaria, ou edifícios, também compram ou encomendam obras de arte, procurando dessa forma embelezar os seus escritórios ou salas dos conselhos de administração. Dentro do Grupo CUF deveria ter sido vasta o seu património artístico, porém hoje é escassa a informaçao que existe sobre o tema, bem como do seu espólio. Por isso vou apenas colocar obras que tenho apanhado em publicações, ou noutra documentação.




Comecemos pelos retratos de Alfredo da Silva e D. Manuel de Mello, ambos da autoria de Eduardo Malta mestre do Retrato nasceu na cidade da Covilhã, na freguesia de S.Martinho a 28 de Outubro de 1900. Contava apenas 10 anos de idade quando deu entrada na Escola de Belas Artes do Porto. Repartiu a sua existência também pela ilustração, pela pintura de ficção e ainda por obras literárias. A sua obra mereceu dos criticos os mais rasgados elogios pelo que lhe foram atribuidos divrsos galardões como: Prémio Columbano ,1936, Medalha de ouro da Exposição Internacional de Paris, 1937, Prémio Luciano Freire entre outros. Faleceu em Óbidos a 31 de Maio de 1967. O quadro de Alfredo da Silva está a sua casa-museu no Barreiro, e o de D. Manuel de Mello creio estar na sede da Império.


Este quadro chama-se "Tecelagem" é um Óleo sobre tela da autoria de João Aires, é datado de 1970, e era pertença da Companhia Têxtil do Punguè, situada na Beira, em Moçambique, da qual irei falar em momento oportuno. Sobre o autor: Pintor expressionista e abstracto, nasceu em Lisboa em 1921 e expôs pela primeira vez com obras neo-realistas em Lourenço Marques em 1949 e depois em 1966, tendo evoluido depois para a pintura abstracta.


Esta Tapecaria pertencia a MICROFABRIL - Sociedade Industrial de Bioquímica S.A.R.L. é da autoria do famoso Guilherme Camarinha, cuja a sua obra é bastante conhecida, a suas belas tapecarias, encontram-se em inumeros edificios publicos, como a Biblioteca Nacional ou especialmente em Tribunais.


Este belíssimo quadro que deve ter sido pertença da Sociedade Geral, mostra-nos o navio Manuel Alfredo ancorado nas docas. O titulo do quadro é "Barco à descarga" e a sua autoria é do pintor Silva Lino (1911-1984)

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Cinzeiro da Tabaqueira

Aqui está mais uma curiosidade da Tabaqueira, um cinzeiro em vidro, ainda com o seu antigo símbolo com a divisa "Para Bem Servir" é de facto muito antigo, devendo ainda ser do tempo em que a fábrica estava instalada no Poço do Bispo. É uma peça simples mas com a sua elegância, e felizmente, foi pouco usado, estando praticamente num estado impecável.

A NORTEMAR

A NORTEMAR - Agência Marítima do Norte Lda. foi constituída a 7 de Janeiro de 1971. Esta empresa associada da C.N.N. e da S.G. tinha a sua morada no Porto, na Rua Infante D. Henrique nº63, tendo sido criada com o efeito de representar as duas companhias de navegação do Grupo CUF na zona norte do país. Aqui vos deixo uma fotografia do aspecto da Agência e dois envelopes (um pequeno e outro grande) desta firma.






quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Algumas Ementas da C.N.N.

E que tal se déssemos uma espreitadela a algumas ementas da Companhia Nacional de Navegação? Há sempre aquela curiosidade de se saber o que se comia e quais as especialidades gastronómicas a bordo. Três destas ementas são muito provavelmente de 3ª Classe, estão datadas entre Fevereiro e Março de 1957, e referem-se ao Paquete Índia. A outra já com uma apresentação de maior requinte, com as letras em relevo, trata-se de um Almoço de 2ª Classe servido abordo no Paquete Niassa em Agosto de 1965.





sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Impressões de uma Visita á Colonia de Férias da CUF

Hoje trago-vos de novo um tema que, é muito querido, neste blogue, refiro-me à Colónia de Férias da CUF. Andava eu em investigações quando descobri um interessante texto feito um por trabalhador da empresa sobre a visita à respectiva colónia, que não resisto a postar, aqui fica ele:

"Como é a Colónia de Férias da C.U.F., impressões da visita do pai de um colono"

"Ainda estou debaixo da agradável impressão causada pela minha visita de hoje à Colónia de Férias da C.U.F. em Almoçageme, perto de Colares. E fiquei tão satisfeito que não deixo de fazer algumas considerações.

Depois da camioneta nos deixar, caminha-se um pouco e pé e eis que surge a Colónia logo distinguida à distancia pelas letras CUF, implantadas no depósito que sobressai acima da vegetação. À entrada recebem-se senhas para a visita e indica-se o número do colono que se pretende ver. Num pequeno edifício, quase mais um alpendre, as famílias aglomeram-se, esperam ansiosas. Vão olhando as lindas flores junto à entrada, os baloiços os «escorregas», todo um parque infantil espalhado por debaixo dum pinhal frondoso. Mas crianças... nem uma se vê. Há comentários, perguntas, suposições, sobretudo da parte dos que têm ali os filhos pela primeira vez.
Alguém grita:
- Lá vêm eles!

E toda a gente corre a espreitar. De facto, o ranchinho dos que têm visitas à espera avança vagarosamente, com as suas blusas verdes e os seus suestes sempre pendurados ao pescoço, pois quando o Sol espreita aquece mesmo.

Um frémito de emoção percorre o coração dos pais que já não vêem os filhos há uns dias. E parece-me que das centenas de pessoas ali presentes não houve uma sequer que ao ver o seu rebento não acenasse para ele, com fulgor nos olhos e alegria no coração. Depois são os abraços e as clássicas perguntas «como estás tu», «tens passado bem?», «tens comido muito?», «tens tido saudades dos paizinhos?», e «estás tão queimado!», «queres ir-te embora?». Ir embora? Mas quem pensa nisso? Qual ir embora, qual deixar aquele ambiente!...

É certo que alguns se agarram aos pais, choram, mas não são poucos. A grande maioria, findos os primeiros momentos de certa estranheza até, e de tomarem contacto com os mimos e guloseimas oferecidos, começam a contar as suas aventuras, as suas brincadeiras.

Entretanto, por grupos, inicia-se a visita à Colónia com a indicação solicita dos monitores. E então é que é admirar. Magnificas instalações. Tudo impecável. Aqui a secretaria, ali a enfermaria, com médico diariamente, onde felizmente as camas estão quase sempre vazias, e o seu posto de socorros, com enfermeiro permanente, onde a pequenada vai tratar os arranhões, regressando toda satisfeita com as tiras de adesivo nos braços e nas pernas. A seguir o edifício da Direcção da Colónia e também um enorme campo de jogos, onde as competições são bem acesas e se aproveita sempre a ocasião para se ensinar o lema do saber ganhar e do saber perder.

Depois a cozinha, ampla, higiénica de funcionamento moderno, onde mãos hábeis despacham refeições para mais de 350 pessoas. De cada lado um vasto refeitório, arejado, das janelas dos quais, olhando em direcção ao mar, se desfruta uma soberba vista, logo realçada com canteiros mimosos cheios de flores garridas, lindíssimas e bem tratadas. Anexos aos refeitórios grandes baterias de lavatórios que se tornam bem necessários para despachar tanto garoto.

Agora o balneário, enorme na sua extensão, mas de tamanho reduzido no seu formato, atendendo à natureza, à idade dos colonos. Uma graça

Também há uma biblioteca que tanto tem revistas e jornais acessiveis aos mais miudos, como livros para os mais velhinhos. Ao lado situa-se um salão geral, onde se ouve missa e também, fechada a zona onde está o altar, se reunem à noite para verem cinema ou para brincarem antes de se deitarem.

Mais ao lado, espalhados pelo meio dos eucaliptos, existem os alpendres resguardados, decorados pelas crianças sempre auxiliadas pelos monitores que são como uns irmãos mais velhos, que as vigiam e aproveitam todas as ocasiões para dar um bom conselho ou um bom ensinamento. Estes monitores são devidamente preparados ao longo do ano, frequentando um curso que visa a sua formação pedagógica. E na verdade, a comprovar, está o facto de se verificar em todos os rapazes a maneira como se referem aos seus monitores, a quem tratam como verdadeiros camaradas.

Finalmente temos os dormitórios, que são pavilhões separados, disseminados entre arvores, plantas e flores, com arruamentos bem delineados. Cada dormitório é formado por dois corpos ligados ao centro por um quarto onde ficam os monitores. Igualmente têm os anexos sanitários. Cada uma das fofas camas daquele ambiente liliputiano tem uma caixa onde o colono tem as suas coisas. As camas são todas ligadas no sentido longitudinal dando um aspecto fora do vulgar. O pavimento brilha. Tudo é irrepreensivel, impecável, higiénico e confortável!

Finda a visita regressa-se ao ponto de partida e fica-se por ali pelo enorme parque infantil já mencionado acima. Há alegria, bulicio. É vê-los pulando, brincando, gritando, misturados com os familiares que os observam embevecidos.

Agora está um turno de rapazes, depois será um de meninas. São 320 de cada vez, divididos em 5 grupos de 64 com 4 monitores cada. Os grupos têm cada um sua cor, um nome ou divisa. Há os verdes, os vermelhos, os amarelos, os castanhos e os azuis. Distinguem-se pela indumentária. Os próprios monitores têm camisola da cor a que pertencem. Cada grupo tem o seu dormitório, o seu alpendre e faz uma vida à parte, desenvolvendo um centro de interesse que pode ser desportivo, cultural ou botânico.

A vida que ali se leva é sempre movimentada e salutar. Levantam-se cedo é certo, às sete e meia, mas também se deitam às vinte e duas ou vinte e uma e trinta, conforme têm ou não cinema. Vão às nova horas para a praia, descendo os trezentos e tal degraus implantados entre as rochas, fazem a sua ginástica antes do banho e passam o resto da manhã brincando em mais baloiços, mais argolas, em alegre convivio. Depois do almoço fazem duas horas de repouso. Dois dias por semana têm canto coral com cantigas próprias para a sua idade. O resto do seu tempo é aproveitado nos jogos, nos trabalhos manuais, nas tarefas colectivas para o grupo e na brincadeira. Existem também uns regulares serviços religiosos com capelão permamente. Todavia, algum garoto que não professe a religião católica não é obrigado ao cumprimento de tais serviços. De vez em quando têm excursões pela serra e passeios ao exterior, visitando monumentos ou locais dignos de interesse.

Vida sadia, de ar livre, de contacto com a Natureza, sem pensarem em livros, em contas, cópias ou ditados. Sem preconceitos de indumentária, andando por vezes com camisolas e calções mais largos. É preciso é pular, cantar, viver os vinte dias de vida sã. Há ali rapazes do Barreiro, de Lisboa, de Alferrarede, do Porto, de todos os lados onde há familia CUF. Há filhos de operários, de empregados, de chefes. Porque ali pròpriamente não estão só os que precisam de ter férias de campo e praia, férias que os pais lhes não possam proporcionar. Trata-se dum convivio que faz bem às crianças, dum ambiente em que têm de resolver já alguns assuntos por iniciativa própria sem estarem sempre a depender dos pais; ali passam sem os mimos mas passam também muitos dias sem ouvirem as habituais frases «não mexas aí», «está calado», «está quieto» e também sem apanharem o seu açoite...

Chega finalmente o termo da visita. As famílias vão tomando o caminho da saída. Há um ou outro pequeno que nessa altura é acometido duma pequena crise de choro. Mas é só um momento. Passado um bocado, distraído com os outros, já nem se lembra. A maioria, porém, despede-se à pressa dos familiares e vai terminar os jogos. Alguns até nem descem dos baloiços para não perderem o lugar...

Sai-se com excelentes recordações. Não há duvida que todos os pais voltam descansados, confiantes. E tão bem impressionados que, ao deixar o portão da Colónia, só se houve murmurar...

- Até a mim me apetecia passar aqui uns dias!
E talvez sejam palavras ditas com senso..."

L.V.


E pronto, aqui está ele, espero que tenham gostado, e que vos traga à memória o imaginário da Colónia (por quem lá passou). Depois de todas as experiências relatadas por varias pessoas, o mínimo que poderia fazer era colocar aqui este texto de forma a avivar esses tempos idos que todos vocês retêm na vossa memória e que daria para escrever um interessante livro sobre a Colónia de Férias da CUF.